quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Black Sabbath - Entre o Céu e o Inferno I

                                        I - Anos de Ouro (1969-1979)








    Quando se fala de Hard Rock ou na sua mutação seguinte, o Heavy Metal, o nome de Black Sabbath é muitas vezes citado, ao lado do dos Led Zeppelin ou até dos Deep Purple, como sendo um dos grupos pioneiros  que ajudaram a definir o género.
    O embrião dos Black Sabbath surgiu em 1966 em Aston, Birmingham, na Inglaterra. Tony Iommi, guitarrista e Bill Ward, baterista, cruzam-se com Ozzy Osbourne, um antigo colega de Iommi. Ao saberem que ele cantava, resolvem, os três, formar uma banda musical. Juntamente com outros dois amigos, com quem Ozzy costumava tocar nos pubs, formam os "Polka Tulk Blues Band", ao fim de algum tempo, encurtam o nome para "Polka Turk" que se transforma, mais tarde, nos "Earth". Mas, em 1969, descobrem que estão a ser confundidos com outro grupo e decidem, uma vez mais, mudar de nome.
A Origem do nome do grupo
   A escolha do novo nome partiu de Geezer Butler, baixista, que entrara para o grupo ainda na altura dos "Polka Turk", que vira um filme de 1963 intitulado "I Tre Volti Della Paura - As Três Faces do Medo", com Boris Karloff e realizado por Mario Bava,  que fora exibido em Inglaterra com o nome de "Black Sabbath" e que, pela originalidade, foi aceite imediatamente. Inspirados pelo nome escolhido e por um sonho de Butler, em que este via um encapuçado junto da sua cama, ele e Ozzy escrevem uma canção intitulada "Black Sabbath". O tom ameaçador da música, a voz desesperada de Ozzy, associadas a uma letra sinistra, conduziram o grupo em direcção a sonoridades mais negras em contraste com o som dominante do "Flower Power", musica folk e a cultura Hippie do final da década de 60. Decidiram então focar-se nesta temática negra, numa tentativa de criar o equivalente musical aos filmes de terror.
Capa do primeiro álbum do grupo
   O primeiro álbum do grupo, intitulado "Black Sabbath" foi editado a uma sexta-feira 13, em fevereiro de 1970, foi um grande sucesso, chegando a número 8 nas tabelas inglesas. temas como "Black Sabbath", "The Wizard" ou "N.I.B.", foram, por muitos, considerados como a inauguração de um rock pesado, mais original, mais denso, completamente diferente do hard/heavy  que era produzido por outras bandas. A temática sombria das letras, com referências a demónios e ocultismo, não tardou a criar alguma polémica em torno do grupo e levou a que grupos associados com essas mesmas temáticas, os convidassem a participar em missas negras e outros rituais. O grupo viu-se na necessidade ir à televisão explicar que nada tinham a ver com aqueles rituais e que apenas tinham escolhido o nome por ser diferente e nos concertos todos os elementos usavam crucifixos pendurados para não serem associados a tais organizações.
   Para aproveitar o sucesso obtido com o primeiro disco, após uma pequena tounée, o grupo volta ao estúdio em Junho de 1970 para gravar o segundo álbum, que só será editado em Janeiro do ano seguinte devido a questões relacionadas com o título, que inicialmente era para ser "War Pigs", cujo tema-título era uma crítica feroz à guerra do Vietname. A editora mudou o nome do álbum para "Paranoid" quase na véspera do lançamento e o tema foi escrito no último dia de gravações. Ao contrário do seu antecessor, o som do grupo virou-se para temas mais comuns como guerra ou ficção científica. Canções como "Electric Funeral", Iron Man", "War Pigs" ou o próprio "Paranoid"  são representativos desta nova direcção musical e fizeram com que o álbum fosse o maior sucesso comercial do grupo.
     Entre concertos de um lado e de outro do Atlãntico, o grupo entra, em Fevereiro de 1971,  novamente em estúdio e grava o terceiro álbum, "Master of Reality", que é editado em Julho do mesmo ano. Este é provavelmente o álbum mais obscuro e introspectivo do grupo, num quase regresso ás temáticas de "Black Sabbath", que são mostradas em temas como "Sweet Leaf", "Lord of this World" ou "Into the Void". Surgem aqui também os primeiros temas acústicos do grupo. O álbum foi um sucesso de vendas notável e levou o grupo finalmente a uma tournée mundial, após a qual o grupo teve direito a uma férias merecidas após três anos consecutivos entre concertos e a gravação de álbuns. Porém, incapazes de estar muito tempo parados, o ano não haveria de terminar sem um novo trabalho do grupo.
O princípio da mudança sonora do grupo
      "Black Sabbath Vol.4" assim se chamou  o trabalho seguinte e viu a luz do dia, por entre inúmeros problemas dentro do grupo relacionados com uso e abuso de drogas, em Setembro de 1972. Chegou a aparecer com o título de "Snowblind", tema relacionado com o uso de cocaína e hoje um dos hinos do grupo,   mas a companhia discográfica acabou por lhe mudar o título para "Black Sabbath Vol.4" contra vontade dos elementos do grupo, que o acharam ridículo pelo facto de não existirem os Volumes 1, 2 e 3. Recebido com algum desdém pela crítica, atingiu o Disco de Ouro por vendas acima 500.000 cópias em menos de um mês após o lançamento e foi o quarto álbum consecutivo da banda a conseguir tal facto. Com mais tempo de estúdio, o grupo pode finalmente experimentar novas texturas, como piano, cordas e orquestrações. O tema "Changes", universalmente ligado ao grupo foi o melhor exemplo destas novas experiências. A voz cristalina de Ozzy, acompanhado pelo piano de Spock Wall, que é um pseudónimo de Rick Wakeman, teclista do grupo Yes,  fez e ainda faz as delícias dos fans. "Tomorrow's Dream", "Snowblind", "Wheels of Confusion" são alguns dos temas que pontuam neste álbum onde o grupo se mantém fiel ao seu som. "Under The Sun" é o tema que encerra o disco, é um tema magnifico com um final espectacular e denota  alguma influência de Rock Progressivo. Segue-se nova tounée mundial com muitas datas nos Estados Unidos e primeiros concertos na Austrália e Nova Zelândia durante o ano de 1973. O álbum seguinte do grupo só  veria a luz do dia em Dezembro...para os fans foi uma espera interminável, mas valeria bem a pena!
A Obra-Prima  
    Com uma série de arranjos complexos que integraram cordas  e sintetizadores, envolvido numa atmosfera ainda mais tendencialmente progressiva, "Sabbath Bloody Sabbath" recebeu, pela primeira vez críticas muito positivas e foi unanimemente considerado como a obra-prima do grupo. O álbum contou novamente com a participação de Spock Wall (Rick Wakeman) em temas como "Spiral Architect", "A National Acrobact" ou "Who are You", que são marcadamente temas de Rock Progressivo, enquanto que temas como "Sabbath Bloody Sabbath" ou "Killling Yoursef to Live" mantinham viva a veia mais heavy metal do grupo. O álbum contém ainda "Fluff" a mais bonita peça instrumental do grupo. O álbum foi um triunfo absoluto para o grupo, além de chegarem ao "Disco de Platina", com mais de um milhão de venda a nível internacional, o álbum foi número quatro em Inglaterra e número onze nos Estados Unidos. O grupo nunca mais conseguiu igualar este álbum que é considerado um dos 100 melhores álbuns da história do rock.
   Em 1975, depois duma extensa tounée mundial que durou todo o ano de 1974 e onde se revelaram as primeiras querelas dentro do grupo, entraram em estúdio para gravar novo álbum. Desta vez queriam fazer algo diferente, queriam um álbum de rock puro e duro. Assim nasceu "Sabotage" que, apesar de manter o grupo na boa opinião dos críticos e de alguns temas fortes como "Am I Going Insane", "Hole in the Sky" ou "Symptom of the Universe", não foi mais longe que um modesto número 20 em ambos os lados do Atlântico, a que uma tounée encurtada por um acidente de mota de Ozzy, também não ajudou.
   1976 viu nascer "Techical Ecstacy" com o qual o grupo pretendia redimir-se do fracasso que fora o álbum anterior. Mas parecia que o grupo tinha perdido o som agressivo e sombrio que caracterizara os primeiros álbuns em troca de uma maior utilização de sintetizadores e um som mais flexível, do qual só se aproveitou o tema "Dirty Women" e a surpresa que é ouvir Bill Ward a cantar o tema "It's Alright". Pela segunda vez na sua carreira, o grupo não consegue atingir Disco de Ouro. Mesmo assim entre Novembro de 1976 e Abril de 1977, o grupo faz concertos na Europa e estados Unidos. Com cisões cada vez maiores dentro do grupo e enquanto ensaiavam para o que seria o seu próximo álbum, Ozzy Osboune abandona o grupo devido a problema pessoas, familiares e a uma cada vez maior dependência de álcool e drogas deixando temporariamente os Black Sabbath sem vocalista e á deriva . Dave walker, ex-vocalista dos Fleetwood Mac, é contratado em Outubro de 1977 para substituir Osbourne e o grupo recomeça a trabalhar em novas canções. Mas em Janeiro de 1978 um arrependido Ozzy regressa, três dias apenas antes do grupo entrar em estúdio para gravar um novo álbum.
   O grupo passou então cinco meses consecutivos em estúdio a gravar "Never say Die!" que foi lançado em Setembro de 1978 contra uma resposta negativa quer da crítica quer do público que consideraram o álbum um desvio absoluto do som que o grupo tinha, apesar de temas como "Junior's Eyes", "Hard Road" ou o tema -título, o único a fazer justiça ao bom nome do grupo e levaria mais de 20 anos até o álbum receber "Disco de Ouro". A tounée de suporte ao álbum começara em Maio e duraria até Dezembro, mas eram visíveis as tensões dentro do grupo com Ozzy cada vez mais afastado dos restantes membros e com os quais faria um último concerto no Novo México a 11 de Dezembro. Em 1979 Ozzy foi despedido do grupo por uso abusivo de drogas e álcool. Era o fim anunciado de um dos grupos mais marcantes da música.

                                                            (Continua)
                                                                                                                                                                                                    
 
 Nota: Todas as imagens vídeos que ilustram este texto foram retirados da Internet                                                                                                  
 
 

1 comentário:

  1. Excelente biografia daquele que continua ainda hoje a ser um dos meus grupos de culto. Esta fase com Ozzy Osborne foi de facto a melhor, embora na posteriormente e já com Ronny james Dio assinem mais alguns temas emblemáticos. Um abraço.

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