Ao
longo da já centenária sétima arte, muitos foram os filmes que trataram o tema
da ocupação progressiva das zonas suburbiais das grandes cidades, da integração
de outros povos nos países de acolhimento. "Gran Torino" é mais um exemplo dessa temática.
Walt
Kowalski é o último americano residente no seu bairro, os seus antigos vizinhos
foram-se embora ou faleceram e é um enorme tristeza e nostalgia que ele vê o
seu bairro perder a identidade. Mas nem as tentativas dos seus mais recentes
vizinhos, emigrantes tailandeses, de quererem ser seus amigos, o irão fazer
ceder com facilidade. Então um dia tudo muda...
Os Hmong |
A
rodagem começou em Julho de 2008 e demorou cerca de cinco semanas até estar
completa. Schenk disse que o conceito de que o produtor faz alterações no argumento final, não
aconteceu e que a única coisa que mudaram no seu argumento foi a localização
que passou a ser em Detroit em vez de Minneapolis.
Realizado
pelo veterano Clint Eastwood, que também interpreta Walt, o velho resmungão,
antipático, pouco cuidado com as palavras. Ele não é amigo de ninguém
(exceptuando o barbeiro); o próprio padre da paróquia, que prometeu cuidar da
sua espiritualidade, não se consegue entender com Walt, nem os seus familiares
querem saber dele. O seu duplo trabalho neste filme é louvável.
A realização é
magnifíca. Clint filma de uma maneira séria, os planos são sóbrios, realistas. É assim que se
devia filmar. Eastwood não perde tempo com pormenores que só tornariam o filme
pesado e aborrecido.
Mas
o que é verdadeiramente admirável neste filme é a interpretação do actor. Clint
agarra o papel e interpreta-o de uma forma que nunca havíamos assistido na sua
carreira. O espectador começa por achá-lo a coisa mais antipática que alguma
vez se viu, mas, ao longo do filme, mudamos de opinião. A partir do momento em
que se começa a operar a mudança, o filme torna-se admirável, principalmente,
devido á interpretação do actor.
Eastwood tem, como se sabe, uma grande
experiência como actor fruto duma longa carreira muitas vezes dividida com a de
realizador e para ele, contracenar com um grupo de Hmong com pouquíssima, ou
nenhuma experiência, foi um desafio. O actor-realizador, para os pôr á vontade,
sem lhes dizer nada, muitas vezes filmava os ensaios e quase nunca dizia a
palavra Acção”, assim a maior parte das cenas resultava em pleno, “foi muito
divertido trabalhar com aquele grupo de actores inexperientes assim como foi
interpretar aquele velho antipático e filmar um argumento que é, no minímo,
estranho”.
Muito
se especulou sobre o facto desta interpretação ser a última vez que veremos o
actor neste papel. Eastwood nunca confirmou tais especulações, mas, se assim
fosse, constituiu a súmula de todas as personagens marcantes que o actor
interpretou na sua carreira. Assim vemos nela traços de "O Homem sem
nome" de “A Trilogia dos Dólares” de Sergio Leone (1964-66);
de Harry Callahan de “Dirty Harry – A
Fúria da Razão” de Don Siegel (1971); de Josey Walles em "O Rebelde do
Kansas” de Cint Eastwood (1976) e de William Munny de “Imperdoável” de Clint
Eastwood (1992) e facilmente percebemos porque é que Clint quis interpretar
esta personagem. O Actor quis resumir
todas as suas personagens mais queridas numa só e, com ela, fechar com chave de
ouro uma carreira magnifica. A cena em que Walt chega ao esconderijo do gang
Hmong é carregada de simbolismo e
representa esse mesmo fechar de
carreira.
“Gran
Torino” estreou a 9de janeiro de 2009 nos Estados Unidos e foi recebido com
grande entusiasmo quer pelo público, quer pela crítica.
Na
primeira semana de exibição o filme rendeu mais de 29 milhões de dólares e, no final do
ano, as receitas ultrapassavam os 270
milhões de dólares no mundo inteiro e o filme foi considerado um dos dez
melhores filmes de 2008.
A interpretação de Eastwood foi muito elogiada e
ganhou mesmo o reconhecimento dos seus pares que lhe deram o prémio de Melhor
Actor na categoria e inúmeros outros prémios em diversos certames e festivais.
Foi, no entanto, ignorado nos prémios de Academia, não tendo o filme sido
nomeado para um único Oscar! Mas fez-se alguma justiça fora dos Estados Unidos,
já que o filme foi premiado em diversos
festivais europeus , principalmente em frança (César de Melhor Filmes
Estrangeiro), em itália (prémio David di Donatello para Melhor Filme
Estrangeiro) ou ainda vários prémios, quer para o filme, quer para o seu actor
e realizador em diversos festivais de cinema
no Oriente.
Em
2009, “Gran Torino”, foi seleccionado para figurar no “American Film Institute”
como um marco cultural da sétima arte e Clint Eastwood foi considerado, pela mesma instituição, Mestre de Cinema, como Actor, Produtor e
Realizador.
Nota: As Imagens e video que ilustram este texto foram retiradas da Internet
Nota: As Imagens e video que ilustram este texto foram retiradas da Internet
Sem comentários:
Enviar um comentário