- Começos (1967-1979)
“Primeiro estranha-se, depois entranha-se”
, terá sido com estas palavras de Fernando Pessoa que os executivos da Virgin Records reagiram aos
primeiros acordes do tema “Tubular Bells – Part I”, do álbum com o mesmo nome
do músico Mike Oldfield, com que foi inaugurado o catálogo daquela editora no ano de 1973.
Pouco tempo depois, Oldfield começou a
tocar num grupo que imitava os Shadows de Cliff Richard e Hank Marvin, este
último influenciou muito o jovem Mike que, anos mais tarde, faria uma “cover” do tema “Wonderful Land” do
grupo.
Em 1967, Oldfield e a sua irmã, Sally, formaram o duo “Sallyangie”. Apresentando-se ao vivo num festival folk
local, ganharam alguma projecção e, em 1968, gravam um álbum “Children of the
Sun” para a editora Transatlantic Records. Mas o duo foi sol de pouca dura e
quando acabou, Mike Oldfield formou outro duo, desta vez com o seu irmão,
Terry, chamado “Barefoot” e regressou á música rock. Mas também esta
experiência não iria durar muito tempo. Os dois irmãos de Mike, viriam a
participar em muitos dos seus álbuns.
Apresentaram-na
ao jovem milionário, Richard Branson, dono da Manor Studio e que naquela altura
se estava a preparar para lançar a sua
própria editora, a Virgin Records. Encantados com a sonoridade daquele tema, Branson e o seu braço-direito,
Simon Draper, deram ao jovem Mike uma
semana para gravar na Manor, durante a qual ele completou a parte 1 de “Tubular
Bells”. A parte 2 foi completada e gravada nos meses seguintes.
Em 1974, Mike
Oldfield participou como guitarrista no
álbum “Rock Bottom” de Robert Wyatt e no Outono desse ano editou “Hergest
Ridge”, uma espécie de continuação de “Tubular Bells”. Tal como o seu
antecessor, este também era uma peça musical dividida em duas partes, desta vez
a música evoca cenas do retiro de campo da família Oldfield situado no condado
de Herefordshire. Apesar de editado pouco mais de um ano depois de “Tubular
Bells”, “Hergest Ridge” chegou primeiro a número 1 do que o anterior, apesar
daquele ter sido número 2 dez semanas consecutivas, antes de chegar a número 1
na semana em que estreou o filme do qual fez parte da banda sonora.
Ainda em 1974,
Mike Oldfield participa como guitarrista convidado em “The Orchestral Tubular
Bells”, um arranjo que o amigo David Bedford fez para a Royal Philharmonic
Orchestra. A grande diferença para o álbum original é que Mike Oldfield não
toca a maioria dos instrumentos, a melodia e a sonoridade são as mesmas só que
transferidas para outros instrumentos,
os coros não existem, assim como “O Mestre de Cerimónia” a dizer o nome
dos instrumentos, no final da parte 1, também não existiu. Apesar de ter sido
uma experiência interessante, não trouxe
nada de novo para a obra do multi-instrumentista britânico.
Em 1976, a virgin records, com autorização do músico, lança "Boxed", uma caixa com quatro discos que continha os álbuns "Tubular Bells", "Hergest Ridge" e "Ommadawn", remisturados com som quadrifónico, onde, nas palavras de Oldfield, era possivel descobrir pequenas texturas musicais não identificadas nas versões normais dos álbuns e um quarto disco intitulado "Collaborations", constituído por temas diversos, tocados com os músicos que colaboraram nos seus outros projectos.
A tendência para explorar novas sonoridades
seria continuada no álbum seguinte, editado em 1978. O duplo álbum
“Incantations”, apesar de ser o mais longo trabalho de Oldfield, é o mais
perfeito e mais completo da primeira fase da sua carreira. Desta vez a longa
peça é dividida em quatro partes e enriquecida novamente pelo coro, mais
diversificado ao longo de toda a peça. O álbum, como um todo, utiliza composições minimalistas e linhas melódicas onde se ouvem
apenas alguns instrumentos. O sucesso, apesar de relativo em relação aos álbuns
anteriores, permitiu-lhe começar a pensar em fazer uma tounée extensiva de
apresentação.
Mike Oldfield iria fechar a década de 70 com um álbum, o primeiro da sua carreira, a conter canções e versões (as chamadas “cover” versions). “Platinum”, assim se chamou o álbum que contém o tema-título com a duração de cerca de 20 minutos e divido em 4 partes, sendo as duas primeiras peças de rock progressivo no seu melhor; a seguinte, intitulado “Charleston” é tocada em ritmo swing e contém uma secção de metais que lhe dá um toque humorístico; a última parte é quase um regresso ao toque progressivo das duas primeiras e contém um arranjo dum excerto musical da peça “North Star” do compositor minimalista Philip Glass. Apesar do toque “disco” que é mantido ao longo desta parte do tema, são o baixo e a guitarra- funky que se ouvem ao longo de toda a secção e depois do coro, é a guitarra-solo que passa a marcar a textura do tema, enquanto se ouve até final, que faz toda a diferença. Os outros temas são canções diversas onde se incluem temas como “Punkadidle”, onde Oldfield brinca com o movimento Punk que marcava a Inglaterra do final dos anos 70 e “I Got Rhytm”, um tema clássico composto por Ira e George Gershwin, re-imaginado por Mike que o transforma numa balada ao estilo de Broadway com a voz harmoniosa de Wendy Roberts e uma orquestração maioritariamente executada por teclados.
Considerado pelos
críticos como uma das obras-primas do músico, “Platinum”, não conseguiu atingir
os lugares cimeiros das tabelas mundiais, apesar das seis semanas que
permaneceu no top britânico. Mas as vendas que fez, permitiram a Mike Oldfield,
prosseguir a sua via experimental e, principalmente, entrar na nova década mais
confiante que nunca.
(continua)
Nota: As Imagens e vídeo que ilustram o texto, foram retiradas da Internet